Postado em 08 de nov de 2016
Pesquisa da UFSCar alerta para a fragilidade dos cuidadores de idosos
Estudo desenvolvido por enfermeira de São Carlos avaliou 351 pessoas.
Uma pesquisa da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade de Campinas (Unicamp), alerta para a fragilidade dos cuidadores de idosos.
O estudo, desenvolvido pela enfermeira Bruna Luchesi com 351 pessoas, mostra que muitos acompanhantes que também já passaram dos 60 anos já não têm mais condições adequadas para exercer a atividade.
Segundo o levantamento, 76,3% dos cuidadores com mais de 60 anos mostraram algum nível de fragilidade.
“A fragilidade é medida em cinco componentes: perda de peso, fadiga, baixa força, diminuição da velocidade da caminhada e baixa prática de atividade física. Então isso indica que esses cuidadores estão de alguma forma ou em processo de fragilização ou eles já são frágeis. E se eles estão cuidando de alguma pessoa que também é idosa, essa fragilidade pode de alguma forma atrapalhar a maneira como o cuidado é prestado”, explicou.
A pesquisadora também avaliou a capacidade cognitiva, analisando níveis de memória, atenção e comunicação, por exemplo, e 44,1% dos cuidadores idosos mostraram alteração negativa nos testes.
“Se esse cuidador, por exemplo, tem algum déficit de memória, ele esquece de dar o remédio para o idoso que ele cuida, isso também vai prejudicar os dois. Ou se ele esquece o fogão ligado enquanto ele está preparando o café, preparando uma refeição, isso pode causar algum acidente”, alertou Bruna, que espera que os dados ajudem na criação de políticas publicas.
“São necessárias políticas públicas voltadas para esse cuidador, programas de acompanhamento de idosos, pessoas que também possam ajudar esse idoso a cuidar, como por exemplo um filho”, defendeu.
Em família
Antônio e Floripes Rissardi representam bem essa realidade. Ele, com 67 anos, é quem cuida dela, que está com 65 anos e tem sofrido com vários problemas de saúde.
“Ele cuida de mim, da casa, do cachorro, dos meus filhos, cuida de tudo”, contou a aposentada. “Na medida do possível, né? Até café da manhã eu levo para ela na cama quando ela está com as crises, os problemas dela, almoço, tudo na cama”, emendou o marido.
O problema é que ele não sente mais a mesma energia que sentia anos atrás. “Fisicamente a gente vai cansando”.
Fonte: G1